Entendimento das cidades passa pelo uso de novas ferramentas

Depois de milhares de anos de progresso no desenvolvimento das cidades -elas surgiram entre 3000 a.C. e 3500 a.C -, ainda hoje buscamos ambientes urbanos mais seguros, saudáveis, eficientes e justos do ponto de vista social.

Não restam dúvidas quanto aos avanços e à evolução conseguidos. Entretanto, questões fundamentais para a vida cotidiana dos cidadãos ainda são passíveis de soluções definitivas, ou pelos menos, mais eficazes.

O funcionamento das cidades é altamente complexo e é dessa forma que devemos encará-lo. Para sua compreensão, são necessários mecanismos capazes de cercar as diversas interações sociogeográficas. Talvez, esse seja um dos maiores desafios para se entender o funcionamento da cidade e, assim, poder evoluir na estruturação de soluções que favoreçam o seu desempenho.

São claros os esforços empregados ao longo da história para construir e planejar cidades com mais qualidade de vida. A teoria das centralidades, de Walter Christaller; as cidades-jardins, de Ebenezer Howard; o modelo das zonas concêntricas, de Ernest Bugres, dentre tantos outros estudos e propostas, nos conduziram aos modelos operados hoje. Contudo, ainda precisamos aumentar a compreensão e evoluir os conceitos que nos direcionarão ao planejamento de cidades funcionais, criativas e inteligentes.

A construção de modelos mais rigorosos de planejamento e operação das cidades passa pela exploração das formas mais eficientes de interação entre pessoas, tecnologia e meio ambiente.

O desenvolvimento tecnológico veio oferecer novas possibilidades para tornar a vida diária das pessoas mais saudável, segura, independente, divertida e confortável. As novas tecnologias nos fornecem, também, soluções energéticas e sustentáveis capazes de melhorar muito o meio ambiente em que vivemos.

Por outro lado, a relação entre demografia e meio ambiente ainda não está muito clara e algumas questões importantes requerem respostas mais precisas.

Como se relacionam as mudanças específicas da população (densidade, composição ou números) com as mudanças do meio ambiente (desmatamento, alterações climáticas ou concentrações ambientais de poluentes de ar e água)?

Como as condições e mudanças ambientais afetam a dinâmica populacional?

Como as variáveis intervenientes, como instituições ou mercados, interferem nessa relação? E como esses relacionamentos variam no tempo e no espaço?

Sem dúvida, as respostas para essas questões importantíssimas para o entendimento e planejamento das cidades somente serão possíveis com a utilização de novas ferramentas, como sistemas de informação geográfica, sensoriamento remoto, modelos estatísticos sofisticados, contando com o apoio das teorias em evolução sobre as interações entre homem e ambiente.

Um número crescente de cientistas está começando a perceber que a interação das pessoas com o meio ambiente extrapola a questão puramente demográfica. As populações são compostas por pessoas que, coletivamente, formam sociedades; e pessoas e sociedade não podem ser facilmente reduzidas à demanda por alimentos e materiais que resultam em algum impacto agregado ao meio ambiente. Essa nova compreensão baseia-se no conceito de que sistemas humanos e ambientais acoplados são mais do que a soma das partes e assim devem ser avaliados.

Enfim, entender de forma definitiva o funcionamento das cidades nunca foi e nunca será uma tarefa fácil. Mas, com a tendência clara de concentração urbana no mundo nas próximas décadas, torna-se cada vez mais importante que se caminhe de forma consistente e estruturada para entender o funcionamento das cidades.

Fonte: LabGIS UERJ.

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